31 October 2012

NOVO ENDEREÇO DE ATENDIMENTO

Comuniccamos aos nosso clientes e amigos nosso novo endereço de atendimento em Alphaville: Avenida Andrômeda, 855, 23.0 andar, cj. 2304, Tefefone 4191.2824.

O consultório em São Paulo, à Avenida Onze de Junho, 314  (5084.6163) CONTINUA à disposição de nossa clientela.

Atendemos em regine de alternância entre os consultórios.

Neste momento, atendemos em Alphaville às 3.as feiras e o restante da seman em São Paulo.

Aguardamos seu contacto.


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11 April 2011

Conselheiro Bíblico? De que se trata?


Aconselhamento faz parte do trabalho de todo terapeuta. Particularmente o Psicólogo.

Todas as pessoas respondem a todas as circunstâncias que se apresentam a elas. Quando dão uma resposta deslocada - a resposta que se desvia do objetivo - sofrem e produzem sofrimento em outros. O aconselhamento objetiva levar a pessoa a corrigir sua resposta. A experiência e o cuidado do terapeuta pode conduzi-la à resposta certa.

O aconselhamento bíblico vai um passo além: procura ajudar o aconselhando a encontrar a Resposta Viva - Jesus Cristo - como a resposta final que precisa para acertar-se com Deus, com o próximo e consigo mesmo.

Isso é feito pela utilização tanto das melhores técnicas da Psicologia aliada à aplicação prática dos Princípios Bíblicos.

Este blog tem o objetivo de apresentar nossas idéias, experiências e reflexões sobre a tarefa do Aconselhamento Bíblico, de seu significado e efeitos resultantes do relacionamento de ajuda terapeuta-cliente e, sobretudo, do relacionamento pessoal com Deus, através de Jesus Cristo, motivados pelo impulso do Espírito Santo que habita em todo o que crê em Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor.

Espero que aproveite o que tenho para oferecer. E se desejar escrever-me,clique aqui.

Bom proveito

Carlos Barcelos

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Entenda o processo da recaída


 O que é recaída? Esta pergunta não é fácil de ser respondida como parece. Para conseguir uma resposta precisa, vamos examinar como o conceito de recaída se desenvolveu historicamente.
Nos primeiros dias do A.A., no meio da década de trinta, os alcoólicos eram considerados como recaídos quando voltavam a beber novamente. Recaída definia-se simplesmente como uma volta ao uso do álcool. Como os alcoólicos começaram a usar drogas substituindo a bebida, se tornaram conscientes de que alcoólicos não podem usar qualquer droga sedativa com segurança. Álcool é uma droga sedativa e agora se sabe que qualquer droga sedativa tem efeito no corpo, similar ao álcool. De fato, alguns profissionais começaram a usar o termo “sedativismo” em vez de “alcoolismo” porque o problema não é o álcool, mas a reação do corpo a drogas sedativas.

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05 August 2010

A diferença entre adicção e compulsão

Algumas definições simples

Adicção é um termo amplo, que é usado para descrever todo um processo pelo qual as pessoas (ou animais) se tornam dependentes de uma determinada substância ou de um comportamento, a fim de lidar com a vida.Esta dependência torna-se tão importante para o indivíduo que vai persistir na utilização da substância, ou a prática de comportamento, mesmo quando ela é nociva para si mesmo, sua família, e em outras áreas importantes da sua vida.
Em contrapartida, a compulsão é um termo bastante estreito, que é usado para descrever o desejo intenso de fazer algo. Compulsões são uma parte pequena, mas importante do processo de dependência, e são também uma parte importante do transtorno obsessivo-compulsivo.
Assim você pode ver que uma adicção envolve a compulsão para tomar uma substância viciante (como o álcool ou a heroína) ou para realizar um comportamento viciante (como jogos de azar ou sexo), mas também envolve outros processos.

Principais diferenças

Prazer
Uma distinção importante entre um adicção e compulsão (como ela é vivida no transtorno obsessivo-compulsivo) é a experiência de prazer. Enquanto as pessoas que têm adicções sofrem todos os tipos de desconfortos, o desejo de usar a substância ou a se engajar no comportamento baseia-se na expectativa de que isso será agradável.
Em contraste, alguém que sente uma compulsão, como parte do transtorno obsessivo-compulsivo pode não ter qualquer prazer a partir do comportamento que ele realiza. Muitas vezes, é uma forma de lidar com a parte do transtorno obsessivo, resultando em um sentimento de alívio.

Isso pode ficar um pouco confuso porque, muitas vezes um adicto chega a um ponto em que ele realmente não aprecia o comportamento adictivo, estando apenas em busca de alívio para a necessidade de uso ou de se engajar no comportamento. Esta situação é agravada pela experiência de abstinência que muitas vezes acontece quando param de tomar a substância ou a prática de comportamento. Embora isso possa parecer um comportamento obsessivo-compulsivo, porque o prazer se foi, a motivação original para se engajar no comportamento era de se sentir bem.

Realidade

Outra distinção importante entre um adicção e uma compulsão tem a ver com a consciência da realidade do indivíduo. Quando as pessoas têm transtorno obsessivo-compulsivo, estão geralmente cientes que sua obsessão não é real. Elas ficam muitas vezes perturbadas por sentir a necessidade de realizar um comportamento que desafia a lógica, ainda que o praticam de qualquer maneira para aliviar sua ansiedade.

Em contraste, as pessoas adictas sentem-se freqüentemente bem à distância da falta de sentido de suas ações, sentindo que eles estão apenas se divertindo, e que outras preocupações não são importantes. Isso é muitas vezes conhecida como negação porque a pessoa adicta nega que seu uso ou comportamento é um problema. Muitas vezes não é antes de uma grande conseqüência como um cônjuge ferindo-se em um acidente provocado por embriaguez ao volante, ou uma perda de emprego, que são confrontados com a realidade de sua adicção.

Por que tanta confusão?

Adicção e compulsão são dois termos que entraram em nossa linguagem cotidiana. E como muitas palavras que são de uso comum, elas podem ser mau usadas e não ser compreendidas. Isso causa confusão para todos, especialmente aqueles que sofrem de adicções e compulsões, mas também para os profissionais que tentam ajudar. Muitas vezes, as pessoas usam esses termos de forma intercambiável, sem pensar nas distinções entre elas.

Há várias razões por que a palavra "compulsão" começou a ser utilizada em relação aos comportamentos de dependência. Originalmente, o termo compulsão partiu da idéia de adictos acessando os centros de prazer erótico do cérebro. Mais tarde, o termo “compulsão” foi usado no lugar de "adicção" na esperança de que ele teria mais legitimidade para o tratamento da adicção, e tornar mais provável que o tratamento fosse coberto pelas seguradoras.

Estes dias, a maior controvérsia no campo das dependências é saber se as adicções comportamentais são adicções tão legítimas como as adicções de substâncias. Outro termo, dependência, é utilizada no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) para se referir às adicções do álcool e/ou drogas, e o jogo compulsivo é a única adicção comportamental especificamente incluída no manual. Como estamos perto da publicação da próxima edição, prevista para Maio de 2012, está sendo feito um trabalho para considerar a inclusão e a unificação das várias adicções.

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18 January 2010

Fundamentos da compulsão religiosa

Toda compulsão tem em sua raiz um forte elemento de tentativa de reparação de conteúdos emocionais danificados. Na compulsão religiosa isso é particularmente claro; a tentativa do compulsivo religioso, popularmente chamado de “fanático” é conseguir “salvar” o mundo, motivado por um messianismo deslocado, sendo ele o profeta, apóstolo ou algum outro título auto atribuído. .

As causas da compulsão religiosa são:

• Abuso parental, freqüentemente por parte do pai. O abuso poderá ser físico, emocional ou sexual. É comum o pai ser um oficial de sua igreja ou mesmo o pastor. São rígidos, valendo-se de uma pseudo-autoridade atribuida por Deus, interpretam a Bíblia por esse viés – quando a usam - e vivem uma coisa na Igreja, em casa outra coisa, cheia de autoritarismo e desmandos, falta de respeito pelas dificuldades de seus filhos, um relacionamento frio e distante com a esposa. Por outro lado, há mulheres que também assumem esse papel, trazendo muitos problemas tanto para a comunidade quanto para sua família.


• Privação de nutrição emocional. Nenhum dos pais atende as necessidades emocionais básicas da criança. Para que a criança desenvolva uma boa autoestima, precisa ser confirmada constantemene pelos seus pais. O olhar paternal é que diz para a criança que ela está chegando em um lar que lhe oferece conforto, acolhimento e proteção, e estamos ali para nos confirmarmos uns aos outros.

• Sentimentos de alienação. Filhos se sentem desligados da família e do que é percebido como um mundo perfeito para os outros. O sentimento de pertencimento garante que a segurança está em ficar em casa, onde é querida e suportada, para que se desenvolva em segurança. No entanto, exigências movidas pela compulsão religiosa, não permitem que os filhos tenham a segurança de que necessitam.

• Atitudes de perfeccionismo de pais imperfeitos (incongruência) . Pais exigentes infligem na criança um desejo irracional de ser perfeita e não cometer erros. Esses pais entendem que isso é educação, quando na verdade é flagelação.

• Expectativas altas. Os pais são incansáveis em exigir que as crianças sejam o que eles não são e alcancem o que não conseguiram.

• Desqualificação. Apesar de a criança fazer grande esforço, os pais nunca se satisfazem e raramente oferecem reforço positivo à criança.

• Adicções parentais. Freqüentemente, um dos pais, quando não ambos, tem dependências como jogo, bebida, desvios sexuais.

• Pai ausente. Filhos de pais divorciados podem ter pouca influência da figura masculina.

• Sentimentos de estar sujo. Abusos e atenções negativas criam sentimentos de culpa e sujeira nos filhos.

• Relacionamentos empobrecidos com outras crianças. Com medo de partilhar sua realidade pessoal com outros, a criança se sente alienada emocionalmente de amigos e freqüentemente buscam relacionamentos destrutivos.

• Mundo de fantasia vívido. A realidade se torna tão difícil que a criança cria um mundo de fantasia e se recolhe a ele freqüentemente.

• Sentimentos não partilhados. O lar oferece pouca oportunidade de expressar emoções, e a criança nunca aprende como isso é feito e o quanto é proveit

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05 January 2010

O Perdão

Perdoar é a tarefa mais difícil do amor, e o maior risco do amor. Perdoar não nos parece natural. Nosso senso de justiça nos diz que as pessoas devem pagar pelo erro que cometeram. Mas perdoar é o poder do amor para quebrar a regra natural.

Perdão
(clique no título do artigo para lê-lo)

4 Estágios do perdão

1.o Raiva
2.o Ressentimento
3.o Recuperação
4.o Reconciliação

1.o Estágio: RAIVA

A ferida pessoal
A ferida injusta
A ferida profunda

Oração constante: “Porque, Senhor?”

2.o Estágio: RESSENTIMENTO

Dor em ondas
Expressão de sentimentos agudos
Inconformismo
Prisão ao outro
Relembrança: pedido de reparação

3.o Estágio: RECUPERAÇÃO

O Caminho do R.A.T.O.
Aceitação das limitações interpessoais
Buscar Serenidade, Coragem e Sabedoria
Oração: “Para que, Senhor?”

4.o Estágio: RECONCILIAÇÃO

Paz consigo mesmo
Paz com os outros


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04 January 2010

Do Casamento

O ponto do casamento não é criar uma rápida comunalidade por derrubar todas as fronteiras; pelo contrário, um bom casamento é aquele no qual cada parceiro indica o outro como o guardião de sua solitude, e assim eles mostram um ao outro a maior confiança possível. A junção de duas pessoas é uma impossibilidade, e onde parece que ela existe, é um remendo, um consenso mútuo que rouba da outra parte ou de ambas as partes sua plena liberdade e desenvolvimento. Mas uma vez que a percepção é aceita que mesmo entre as pessoas mais próximas infinita distancia existe, uma maravilhosa vida lado a lado pode crescer para eles, se lhes acontecer amar a expansão entre eles, que lhes dá a possibilidade de sempre ver um ao outro como um todo e diante de um imenso céu.


Rainer Maria Rilke

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31 December 2009

Diferença entre a interpretação exegética e a interpretação espiritual

Oswald Chambers

Há uma diferença entre a interpretação exegética e a interpretação espiritual. O perigo da interpretação espiritual é que nós interpretamos à luz de nossa própria experiência, conseqüentemente poderá haver muitas interpretações.

Quando tratamos dessas visões proféticas lidamos com algo que nunca lidamos antes. A mente moderna não diria que haja alguma coisa sobrenatural nas visões; a razão para isso é um preconceito inveterado contra o sobrenatural; uma suspeição que não permite que a Mente de Deus seja outra que a mente do homem. A grande Mente inspiradora por trás dos profetas e dos apóstolos não era uma mente humana inteligente, mas a mente do Deus Poderoso. “Pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo."

O espírito do homem é sua personalidade, sua alma é aquela personalidade tentando expressar-se em idéias e palavras racionais. O Espírito de Deus atuando nos profetas e nos apóstolos toma as idéias que formaram pelo contacto com o mundo e as traz a uma nova combinação da qual apenas Deus é o autor. . É por isso que a expressão não é a mesma; a individualidade é marcada; por exemplo, Isaias é diferente de Ezequiel, João de Paulo; há uma mesma Mente por trás, mas não as mesmas idéias.

Nunca imagine que os profetas tiveram um plano perfeitamente claro a respeito do que profetizaram; o Espírito de Deus os fez profetizarem infinitamente mais do que saiam. Nós sabemos muito do Novo Testamento que os profetas nada conheciam. Os profetas falaram com todo o sangue e paixão se suas naturezas; eles não se mostram como uma autoridade superior, eles estavam envolvidos em suas profecias. Note a identificação dos profetas com a vida de sua época. Nós vestimos nossa roupa espiritual de acordo com a vida da época na qual vivemos. Aqueles homens não, eles permaneceram ao lado de Deus em todas as circunstâncias; os profetas pré-figuraram Jesus Cristo de forma ainda mais maravilhosa que o ritual do Antigo Testamento.

A Bíblia é o registro dos fatos que realmente aconteceram e o Espírito de Deus os torna o símbolo de algo mais além daquilo que apenas discernimos quando nos confiamos a Ele. Nossa própria vida ilustra isso, quando olhamos para trás e percebemos que os incidentes conectavam-se por uma Mão por trás. Nós imaginamos que se pudéssemos ordenar a história de nossas vidas de acordo com um sistema matemático todas as coisas dariam certo, mas a providência de Deus vira nossas vidas de pernas para o ar e nossos caminhos parecem-nos torcidos. A razão é que Ele está realizando Seu propósito de Sua própria maneira. Deixe sua vida sozinha; você não altera a história e não pode alterar a vida; cuide de manter uma atitude correta com Deus, deixe cumprir-se aquela vontade. O que somos capazes de chamar de interrupções são as formas de Deus apresentar-nos um novo conhecimento de Si mesmo.

Deus nunca nos fará segui-lo cegamente, ele não nos surpreenderá, ele não nos cegará com repentinos fachos de luz. Ele partirá Sua revelação pedaço por pedaço para que possamos aceitá-la. O apelo feito por Jesus Cristo é Seu caráter, Sua verdade e Sua beleza, e a consciência de todo homem dirá quando O vir: Este Homem está certo. Não há nada de supersticioso. O poder sobrenatural de Satanás nunca arrazoa, ele apela para as superstições do homem, não para sua consciência.

Quando começamos nosso trabalho para Deus há uma quantidade de dureza rude e crua para conosco e nós temos a palavra de Deus para isso, mas lentamente e seguramente através da disciplina da vida começamos a chegar a outros aspectos daquelas mesmas afirmações. Quando nós entendermos como Deus está lidando conosco, Ele nos conduz para onde podemos entender Seu modo de lidar com o mundo lá fora.

Chambers, Oswald: Notes on Isaiah. Marshall Morgan and Scott, 1958; 2002


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23 December 2009

Fundamentos Teológicos do Aconselhamento Bíblico

Em artigo anterior, publicado no blog do Celebrando a Recuperação (“Se temos a Bíblia, porque usar a Psicologia?”), apresentamos uma proposta de trabalho levando em conta a nossa convicção de fé em não negarmos os fundamentos bíblicos em troca do uso da Psicologia. Reafirmamos nossa convicção de que as Escrituras oferecem uma base consistente para o trato dos problemas humanos na vida, morte e ressurreição de Jesus. Não abrimos mão do legado de nossos antecessores, no qual há uma compreensão do ser humano a partir de um Deus que se revela e se relaciona com o homem através de Jesus Cristo que envia o Espírito Santo para habitar o coraçao de todo aquele que crê Nele como Salvador e Senhor de sua vida.
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Bem ou mal, a Igreja Cristã tem realizado seu trabalho de cuidado pastoral desde sua fundação, pois essa foi a instrução registrada no Novo Testamento, considerando as Escrituras inspiradas por Deus e uteis para o ensino, para a repreensão, para a correçao e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra (2ª Timóteo 3:16-17).

Com o advento das abordagens psicológicas modernas, a partir de Sigmund Freud ao final dos anos 1800, em pouco tempo a base bíblica da Criação, Queda e Redenção do homem sofreu grande ataque por abordagens seculares de saúde e doença mentais.
Por conta disso, muitos estudiosos entenderam ter encontrado um meio de retirar o Deus pessoal de suas interpretações a respeito do mundo e do homem. Pecado, salvação, vida eterna deixaram de existir ou, no mínimo, relegados à condição de ideias repressoras dos legítimos desejos humanos. Novas práticas psicoterapeuticas prometiam a resolução de problemas pessoas e/ou interpessoais através do trabalho psicoterapeutico ao alcance do homem.

Por outro lado, a Igreja, em boa parte, adaptou-se a essas propostas. No começo do Século 20, as Escrituras continuaram a ser pregadas, mas passaram a um segundo plano como fonte de aconselhamento por muitos, criando uma minimização da mensagem redentiva das Escrituras.

No entanto, se lermos cuidadosamente e sem assombros a Bíblia notaremos que ela se expressa como verdadeira conselheira: diagnostica doenças emocionais, (“A esperança que se retarda deixa o coração doente, mas o anseio satisfeito é árvore de vida”. Provérbios 13:12), explica comportamentos e emoções, (“O Senhor deu aos seres humanos inteligência e consciência; ninguém pode se esconder de si mesmo”.Provérbios 20:27), interpretação de sofrimentos e influências externas, definições de situações funcionais (Efésios 5-6), caráter do conselheiro (Gálatas 6:1-10), alvos do processo de aconselhamento, (Filipenses 4) etc., ou seja, toda instrução necessária tanto para o conselheiro como para o aconselhado está à sua disposição no texto bíblico. (2ª Timóteo 3:16)

Em meados do Século 20, a percepção da comunidade científica começou a mudar como resultado da própria evolução científica. O advento dos processos médicos de ressuscitação nas UTI’s hospitalares, por exemplo, confrontou a ciência com a descrição de eventos transcendentais pelos pacientes que experimentaram a proximidade da morte. Estudos sobre a oração, particularmente a meditação provaram a realidade de percepções desconhecidas da ciência até então. Isso trouxe à cena, mais uma vez, o interesse pelas Escrituras como fonte de informação e compreensão desses fenômenos.Mais uma vez na história, as Escrituras são confirmadas como fundação para todo pensamento adequado, diagnose e cuidado para as pessoas e seus problemas.

A Igreja tem sido desafiada a repensar suas crenças a respeito do por que e do para que as pessoas lutam e como ajudá-las quando procuram o cuidado pastoral. Sem abrir mão de nossa convicção de fé nas Escrituras e de uma visão centrada em Deus, como incluir o que legitimamente pode ser aprendido da psicologia moderna?

No final do século 20 ficou claro que a geração atual de conselheiros bíblicos beneficiou-se das forças de seus predecessores assim como aprenderam de suas fraquezas. Tem surgido uma geração de conselheiros com uma sensibilidade aumentada ao sofrimento humano, à dinâmica das motivações, à centralidade do evangelho na vida diária do cristão, à importância do corpo de Cristo, ao mesmo tempo em que praticam um engajamento mais articulado com a cultura secular.

No século 21 é fundamental o envolvimento e a aproximação do Aconselhamento Bíblico em muitas áreas da metodologia de aconselhamento. O Conselheiro Bíblico deve continuar enfatizando a centralidade do corpo de Cristo como o contexto primário para o cuidado e aconselhamento ao mesmo tempo em que reconhece o lugar legítimo de recursos mais amplos dentro do corpo de Cristo. O relacionamento entre os conselheiros bíblicos e os companheiros evangélicos envolvidos no aconselhamento profissional e clínico deve continuar a ser trabalhado em busca de um relacionamento cordial nas quais diferenças podem ser construtivamente discutidas a assimiladas como acréscimo. O Aconselhamento Bíblico é e sempre será uma "Psicologia". Ele oferece uma compreensão distintivamente cristã das pessoas e seus problemas, influências, sofrimentos, motivos, e processos de mudança. Esse trabalho conjunto deve desenvolver um maior enriquecimento do trato cristão das dificuldades humanas.

A Igreja atual necessita de um posicionamento adequado ao momento em que vivemos. E nada mais adequado que a reafirmação de nossas convicções historicamente desenvolvidas e firmadas nas Escrituras.
Somos protestantes, afirmando a única autoridade das Escrituras, descrita nos credos históricos da Igreja Primitiva e da Reforma. Baseados nesta tradição teológica, podemos estar seguros para partilhar nossas convicções com os que pensam diferente e ministrar a cristãos de uma gama de perspectivas teológicas distintas.

O Conselheiro Bíblico tem condições de lidar com todas as pessoas de maneira humilde e ao mesmo tempo elegante:

a. Deus nos ensina a ver o mundo da maneira como Ele o vê, e ver como todas as coisas existem em relação com Ele. O Conselheiro Bíblico está compromissado com a completa confiabilidade e primazia das Escrituras.

b. A ação de Deus na vida humana desdobra-se historicamente e o Conselheiro Bíblico está compromissado com a perspectiva narrativa providenciada pela teologia histórico-redentiva, a linha histórica que emoldura nosso entendimento da teologia sistemática, teologia prática e a história da Igreja.

c. A ação salvífica de Deus em Jesus Cristo cria um povo para sua própria possessão. O Conselheiro Bíblico está compromissado em servir a Igreja visível.

d. Há um só corpo e um só Espírito. O Conselheiro Bíblico está compromissado a servir Cristãos de diferentes associações denominacionais.

e. Os meios e as palavras de Deus são relevantes através dos tempos, em todos os lugares e todas as pessoas; a Igreja é chamada a mover-se redentivamente em direção ao mundo e não em isolamento defensivo ou hostil; estamos compromissados com a importância da sensividade e engajamento culturais.

Na tentativa de ampliar o entendimento entre os vários ministros e conselheiros cristãos, expressamos algumas aplicações para o aconselhamento a partir que nossas convicções teológicas.

1. O Conselheiro Bíblico, por definição, está centrado em Cristo. Portanto, o aconselhamento deve apontar Cristo para a pessoa e não para um programa a não ser como um meio para se chegar a Cristo, pois ele é a sabedoria de Deus, o dom indescritível para nos livrar de nossos problemas e sofrimentos. Cristo é a fundação para a fé que sustenta o chamado à obediência, de onde derivamos toda a nossa habilidade para mudança. As pessoas precisam do Salvador, não de um sistema de auto-salvação.

2. O Conselheiro Bíblico deve reconhecer a graça comum de Deus a toda comunidade, e, portanto podemos aprender daqueles que não adotam uma visão cristã ou mesmo teista do mundo. Por exemplo, se por um lado a visão da psicologia secular é contrária ao Cristianismo, por outro lado, há muitas riquezas descritivas a ser encontradas nos escritos e ensinos daqueles que conseguiram sabedoria através de sua pesquisa e cuidado. Esses materiais podem enriquecer o nosso cuidado daqueles em necessidade e podem ser muito úteis para nós enquanto continuamos a desenvolver o nosso método de aconselhamento baseado na Bíblia.

3. O Conselheiro Bíblico deve estar consciente de que o comportamento humano está completamente ligado a impulsos motivacionais profundos. Portanto, enfatiza a primazia do coração, porque todos os atos humanos surgem a partir de um núcleo de adoração, seja ele desordenado ou corretamente ordenado. (“Os propósitos do coração do homem são águas profundas, mas quem tem discernimento os traz à tona” Prov. 20:50)

4. O Conselheiro Bíblico deve acreditar que refletimos melhor a imagem de Deus triuno enquanto vivemos e crescemos em comunidade. Portanto, promove a mudança pessoal dentro da comunidade de Deus: a Igreja, com todos os seus recursos ricos de meios corporativos e interpessoais de Graça.

5. O Conselheiro Bíblico acredita que as Escrituras são ricas em seu entendimento do que somos como seres humanos. Portanto, usa as Escrituras com pleno compromisso à sua autoridade e suficiência, convencido que do começo ao fim, elas revelam Cristo e sua graça redentora poderosa endereçada às necessidades e lutas típicas da condição humana.

6. O Conselheiro Bíblico acredita que os seres humanos são tanto espirituais quanto físicos. Portanto, reconhece que a pessoa tem um corpo físico pelo desígnio de Deus. Uma variedade de influências corporais influencia a resposta moral. Toma a pessoa em seu todo seriamente, admitindo que há ambigüidades na conexão entre a alma e o corpo. Procura permanecer sensível aos fatores fisiológicos, como o contexto dentro do qual Deus chama uma pessoa à fé e à obediência.

7. O Conselheiro Bíblico crê que as pessoas são socialmente envolvidas pelo desígnio de Deus. Portanto, reconhece as influências variadas e os sofrimentos vindos do ambiente sócio-cultural sobre a resposta moral. Leva em conta seriamente o contexto da pessoa como um todo, concedendo que há ambigüidades nesse contato entre o indivíduo e seu ambiente. Ele procura permanecer sensível aos fatores sociais, como o contexto diante do qual Deus chama uma pessoa à fé e à obediência.

8. O Conselheiro Bíblico acredita que a encarnação de Jesus não é apenas a base justa para o cuidado, mas também um modelo pelo qual o cuidado deve ser administrado. Procura entrar na história da pessoa, ouvindo bem e expressando um amor equilibrado. Esta paciência semelhante à de Cristo reconhece que um período de aconselhamento intencional tem uma parte dentro do processo de crescimento cristão que dura a vida toda.

9. O Conselheiro Bíblico crê que Jesus é o nosso Redentor fiel que nos capacita a perseverar em meio a nossos problemas. Portanto, entende que a mudança freqüentemente é lenta e dura. Jesus não promete uma panacéia instantânea. Ele habita em nós enquanto nós habitamos nele. Ele dá graça para caminharmos por uma longa obediência, em direção ao aprendizado da sabedoria.

10. Nenhum aconselhamento, seja cristão ou não, "termina". Não expressamos e clarificamos tudo o que a Bíblia tem a dizer sobre o ministério de aconselhamento. Portanto, porque Jesus demora e ainda não somos o que devemos ser, humildemente admitimos que lutamos para aplicar consistentemente tudo o que dizemos que cremos. Mas queremos aprender e crescer em sabedoria. Nós que aconselhamos e ensinamos aconselhamento vivemos em processo, exatamente como aqueles que aconselhamos e ensinamos.

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O Conceito de Recuperação

O conceito de "recuperação" não contradiz a verdade espiritual de tornar-se uma "nova criatura" em Cristo?

• O termo “recuperação” aparece na Bíblia em 2ª Timóteo 2:26. A palavra grega usada aqui é “ananepho”, significando o retorno a um estado de sobriedade.
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• Recuperação é santificação, um processo, e não algo que acontece em um instante. Em Romanos 12:2, a palavra traduzida “transformai-vos” implica, no original, uma atividade contínua. Paulo exorta os cristãos a ativamente e conscientemente envolver-se em um processo contínuo de separação de seu antigo modo de viver pecaminoso e crescentemente apartarem-se do mundo e aproximarem-se de Deus através de uma continua renovação de suas mentes.

• Recuperação é um contínuo processo de rendição – (Romanos 6:19) Paulo mostra como a oferta de nossos corpos para o pecado resulta em uma sempre crescente maldade e impureza. Quando observamos o processo da evolução da dependência a um comportamento compulsivo, percebemos que a descrição de Paulo é consistente com as descrições que ilustram a passagem do dependente através da crescente destrutividade dos comportamentos compulsivos. Paulo também descreve como uma pessoa compulsiva nascendo de novo e andando em novidade de vida em Cristo torna-se “escravo da justiça que leva à santidade” (Rm 6:19).



De que um cristão deve se recuperar?

• A Bíblia nos ensina que é Deus quem instila em nós “tanto o querer como o realizar”. Temos a instrução para por em ação o que recebemos como dom de Deus, a salvação. (Filipenses 2:12-13). No entanto, somos constantemente feridos. Por nós mesmos, por outros, por circunstâncias da vida. A dor pode ser pouca ou insuportável. Tentamos aliviá-la e criamos - sem que o desejássemos - dependências que provocam exatamente o que queremos evitar: mais feridas e mais sofrimento. Maus hábitos se formam sem que deles tenhamos consciência. Somos impotentes para mudar esta situação sozinhos, pois somos pecadores, e vivemos em um mundo mergulhado no pecado.

• A recuperação passa pelo aprendizado de aplicar a Graça de Deus em nossas feridas, dependências e maus hábitos. É necessária muita perseverança e paciência. Somente com a aplicação consciente do que aprendemos na Bíblia poderemos ser razoavelmente felizes nesta vida.

O que são “feridas, dependências e maus hábitos?

• Feridas são as dores emocionais resultantes da condição de pecado da raça humana. Em nossa condição de pecadores, erramos constantemente o alvo, provocando sempre o que queremos evitar. Nossos pais erraram conosco, às vezes de forma muito dolorosa. Desenvolvemos mecanismos emocionais para a nossa sobrevivência, verdadeiras folhas de figueira que nunca poderiam nos proteger. Ressentimentos, frustrações, amarguras são comuns. Não fomos confirmados, e nossa auto-estima sofreu muito.

• Buscando alívio para nossas dores, e destituídos da presença de Deus, desenvolvemos dependências de coisas, circunstâncias, comportamentos, e pessoas. Desarmonias em nossos relacionamentos tornaram-se padrão. Maus hábitos que talvez não nos prejudiquem tanto como as dependências, também nos prendem de forma a não nos sentirmos livres.

• Se não nos encontramos ainda com Cristo, estamos sem esperança vivendo sem Deus no mundo. Se já o encontramos, fomos salvos pela graça. Mas descobrimos que ainda não estamos no paraíso e percebemos que o pecado nos assedia tenazmente. Como Paulo nos ensina em Romanos 7, até sabemos o bem que devemos praticar, mas não o fazemos e vivemos miseravelmente.

Como o Celebrando a Recuperação ajuda o dependente que luta para manter-se sóbrio?

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• O Celebrando a Recuperação é um ambiente seguro e sem julgamento onde os dependentes em recuperação podem falar de suas lutas, pensamentos, idéias e sentimentos sem medo de rejeição. Ouvir as histórias de outros com dificuldades similares e como eles as superaram, dá ao dependente em luta grande encorajamento para continuar em uma vida de sobriedade. O Celebrando a Recuperação provê um tipo de atmosfera “familiar” que estimula a esperança de uma vida melhor para todos os envolvidos; dependências causam grande estrago sobre os relacionamentos com outros, e aqui o dependente em recuperação tem a oportunidade de começar o difícil e doloroso processo de reconectar-se com outras pessoas.

• A superação dos sentimentos remanescentes da dependência e caminhar para a plenitude da vida abundante é processo complexo e de longo prazo. A liderança dos grupos de apoio é fundamental para o sucesso do programa. Os líderes devem ser maduros, sóbrios e ter um compromisso com a manutenção de uma vida espiritual. Os líderes dos Pequenos Grupos do Celebrando a Recuperação são cristãos e membros da IBMorumbi. Foram escolhidos a partir da experimentação pessoal do Programa dos Doze Passos e dos Oito Princípios de Recuperação. Depois de treinamento, assumiram vários grupos de interesse. O Celebrando a Recuperação coopera com e recebe cooperação da equipe de Pequeno Grupo da IBM, inserido no contexto atual de nossa Igreja.




É certo para cristãos emprestarem idéias, princípios e técnicas da comunidade terapêutica secular?

• A base primeira e principal do Celebrando a Recuperação são as Escrituras Sagradas. Somos cuidadosos em sujeitar todas as coisas que fazemos em nossas vidas cristãs à luz da Palavra de Deus. Portanto, descartamos quaisquer princípios ou filosofias que contradigam a Palavra de Deus. Mais importante, rejeitamos qualquer filosofia ou abordagem que remova de um pecador seu senso de responsabilidade por suas próprias ações. Sem isso o primeiro passo real em direção à sobriedade não pode ser dado – arrependimento e purificação do pecado na Cruz de Cristo. A Bíblia é perfeitamente clara quanto ao fato de que mudanças reais e permanentes podem apenas ocorrer quando uma pessoa experimenta arrependimento verdadeiro – que implica em um senso de responsabilidade pessoal por sua ações e suas conseqüências.

• Buscamos sempre o discernimento do Espírito Santo. Um conselheiro cristão chegará a conclusões sobre um determinado problema que será diferente daquele conselheiro não cristão. Observando o comportamento humano, as conclusões de um terapeuta ou conselheiro não-cristão frequentemente refletem uma visão de mundo sem Deus. A Bíblia declara que o que não tem Deus não tem esperança neste mundo. (Efésios 2:12)Alguém sem esperança não instilará esperança no outro. Apesar desse dilema, não devemos rejeitar o conjunto do conhecimento real sobre dependências e abordagens bem sucedidas de tratamento que sejam acessíveis e úteis para nós como conselheiros cristãos.

• Cremos que o que é bom devemos usar e descartar o que não serve. (1ª Tessalonicenses 5:21) Certamente, algumas das idéias dos tratamentos seculares contradizem as Escrituras (especialmente nos tópicos de moralidade e espiritualidade). No entanto, muitos dos métodos bem sucedidos em conduzir o dependente a uma vida de sobriedade têm suas origens na Palavra de Deus. (Um dos melhores diagnósticos de alcoolismo está em Provérbios 23:29-35). Em um sentido bem real, eles têm redescoberto alguns princípios espirituais profundos quase perdidos hoje: o poder de relacionamentos responsáveis, a natureza restauradora da partilha profunda e íntima entre pessoas em recuperação, a indisputável conexão entre honestidade rigorosa e espiritualidade verdadeira. E o princípio de confortar outros através da partilha de como o Senhor nos trouxe através de situações similares (2 Cor. 1:3-7). Enquanto pessoas seculares e ateístas possam ver esses princípios sob uma luz completamente diferente, nós devemos ser hábeis em discernir, com a ajuda do Espírito Santo, que aspectos desse campo de conhecimento nós podemos integrar em nossos programas de recuperação sem comprometer a verdade revelada.

E a respeito do “conceito de doença” da dependência de álcool e outras drogas?

• Doença é qualquer condição não saudável. As dependências têm um conjunto de sintomas bem estabelecidos e reconhecíveis com comportamentos característicos e efeitos similares em todas as pessoas que sofrem com isso. Estudos científicos confiáveis têm estabelecido que muitas pessoas portam uma predisposição herdada à dependência de álcool e outras drogas. Usar o modelo “doença” também nos dá uma estrutura pela qual podemos abordar o tratamento da condição, a partir do aspecto físico. Ainda bem que, desde que os sintomas e a progressão da dependência química é a mesma para todos (diagnose), o remédio (prognose) é também basicamente o mesmo.

A Associação Médica Americana define alcoolismo como uma doença que afeta a condição emocional, psicológica, espiritual, física e social, ligada ao uso persistente e excessivo do álcool. É uma dependência química que interfere seriamente com a saúde mental e física do paciente.


• No entanto, nós devemos rejeitar o argumento de que, se doente, o individuo não teve uma escolha na questão e não era, de algum modo, responsável pelas escolhas que levaram à sua condição de dependente. O arrependimento real é essencial para o restabelecimento de um relacionamento com Deus e é perigoso aceitar qualquer abordagem que remova de alguém a responsabilidade pessoal de suas ações. O processo condutor a uma dependência plena começou com a decisão de beber, uma escolha moral mesmo para aqueles com uma história familiar de alcoolismo. Devemos ser cuidadosos para não usar uma extrema definição do termo “geneticamente predisposto”. Esse conceito refere-se simplesmente à condição de algumas pessoas que, por conta de uma estrutura biofísica herdada, reagem de forma a criar dependências que rapidamente evoluem para o uso compulsivo e dependência crônica. Enquanto há muitos fatores físicos, emocionais e sociais que contribuem para a dependência, a Bíblia é completamente clara quanto ao fato de que escolher um pecado habitual resulta no final em escravidão ou cativeiro. Realmente, a Bíblia diz que o pecado da embriaguez proíbe aqueles que o praticam de entrar no Reino de Deus (Gálatas 5:19-21). Além disso, ela nos diz que o coração humano causa muitos problemas. (Jr 17:9)

• A palavra “escravidão” vinda do grego “douleia” é um termo bíblico bem apropriado que resume a condição do dependente, seja de álcool e outras drogas, seja de qualquer outra coisa. Ela é usada extensivamente em porções da Escritura como Romanos 6, e traduzida como “servos de” ou “escravos de”. Esse termo significa uma condição que, começando em escolhas pessoais, resulta em um estado que suplanta e domina a vontade própria. Exatamente como os escravos nos tempos bíblicos não podiam livrar-se de seu estado de cativeiro, que podia ser resultado de dívidas por conta de suas próprias escolhas, assim é o dependente preso a uma condição da qual não pode escapar por sua própria força. Por isso o nome “dependente”.

• Não podemos minimizar o problema, pois essa escravidão tem efeitos dramáticos e permanentes nas pessoas que estão presas à dependência. Um pecado que consome a vida tem um impacto na pessoa inteira. Como conselheiros cristãos, nós sabemos que o poder de Deus é capaz de livrar as pessoas de sua compulsão, e de livrá-los das conseqüências emocionais, psicológicas, sociais, espirituais e físicas de um estilo de vida dependente. No entanto, nunca devemos esquecer que a escravidão a um dado comportamento vai muito além de um simples hábito. Depois que um dependente é salvo e pára de agir segundo sua compulsão ele deve resolver um conjunto especial de problemas que são as conseqüências contínuas de um modo de vida dominado pela dependência. Usualmente, sem ajuda apropriada, o dependente ou recairá ou desenvolverá algum outro comportamento compulsivo. A combinação equilibrada das percepções das pesquisas científicas quanto a essas dinâmicas com os princípios escriturísticos pode equipar-nos a ajudar efetivamente os dependentes e suas famílias.

O “bêbado” não é a mesma pessoa que o dependente ou alcoólatra?

• De acordo com a Bíblia, qualquer um que se intoxica em uma base regular é um “bêbado”. Portanto, alcoólatras e dependentes que estão usando ativamente sua “droga de escolha” são “bêbados”. No entanto, não devemos confundir nossa terminologia. “Embriaguez” é um termo que se refere a atividades com implicações espirituais e morais definidas. Gálatas 5:19-21 chama a embriaguez de pecado, uma escolha moral real que impedirá que o ofensor herde o Reino de Deus. Mas, uma pessoa pode ser um dependente ou alcoólatra sem ser um bêbado. (não existe o ex-alcoólatra, mas o alcoólatra ex-bêbado) A recíproca também é verdadeira. O “bebedor social” comum, por exemplo, pode ainda embriagar-se e não desenvolver a dependência do álcool.


• A dependência de álcool começa na embriaguez repetida. Mas, uma vez que a dependência se instala, nós estaremos falando de algo muito diferente. Adicção, alcoolismo e dependência química são termos terapêuticos para descrever esse distúrbio compulsivo e dominador da vida. Sua característica primária é a perda do controle (ou condição de “impotência”) sobre a droga de escolha. Um critério relativamente simples para definir-se uma dependência é a diferença entre o planejado e o efetivamente executado. Uma pessoa planeja beber uma lata de cerveja. Quando se dá conta, tomou dez ou doze latas. Essa perda do controle determina a dependência.


E a respeito de dizer que “uma vez alcoólatra sempre alcoólatra”?

• Através da Graça de Deus um dependente pode livrar-se da compulsão a beber. Aqueles que reagem negativamente a essa frase usualmente interpretam que ela significa que uma pessoa dependente é condenada a viver sob o constante perigo de escorregar para a embriaguez contra sua vontade. Isso, é claro, seria uma negação definida do poder de Deus em mudar o dependente e capacitá-lo a viver uma vida vitoriosa. A verdade é que muitos cristãos testificam de uma experiência na qual o poder do Espírito de Deus realmente os livrou do desejo compulsivo de usar o álcool e outras drogas. Devemos estar cientes do fato que, uma vez que isso ocorra, o dependente nascido de novo deve lutar com todas as conseqüências remanescentes de sua dependência.

• Quando um dependente é liberto da compulsão a beber, ele não é mais um bêbado no sentido espiritual. No entanto ele ainda é um alcoólatra ou dependente em recuperação no sentido terapêutico. Ao nível fisiológico, ele será sempre sensível ao álcool. O uso de uma pequena quantidade de álcool pode ativar os mecanismos químicos da dependência levando ao beber compulsivo. Abstinência total (evitar o primeiro gole) portanto, é de lei. Esse aspecto físico da dependência permanecerá com a pessoa em recuperação até que seja glorificada pelo Senhor e receba seu novo corpo. Com o reconhecimento desse fato, a pessoa em recuperação será muito mais diligente em abster-se do beber ou do uso casual da droga. Ela reconhece as terríveis conseqüências do uso mesmo que moderado do álcool e outras drogas. Se o dependente em recuperação permanece abstinente, essas conseqüências físicas da dependência não irão afetar sua vida e caminhada cristãs.

• Recuperação significa superar os resíduos da dependência um dia de cada vez. Uma vida de dependência resulta em atitudes destrutivas, emoções distorcidas e padrões de pensamento deturpados. Isso não desaparece simplesmente quando um dependente experimenta o renascimento espiritual. Considerar que um alcoólatra ou dependente está em “recuperação” implica que ela está superando ativamente os problemas remanescentes de um estilo de vida adicto através do envolvimento em um programa definido de crescimento pessoal e espiritual. Algumas atitudes profundamente enraizadas que mantém um dependente preso em sua dependência incluem: orgulho e grandiosidade, rebelião contra autoridades, desonestidade, manipulação, projeção de culpa, ressentimentos, procrastinação, etc. Todos esses defeitos de caráter são problemas comuns a praticamente todos os dependentes que, se não forem tratados diretamente, levarão ao fracasso.

Porque o dependente precisa de mais aconselhamento se ele teve uma experiência de salvação genuína?

• Há uma boa diferença entre “abstinência” e “recuperação”. Na prática, parar com o uso ativo do álcool e outras drogas pode ser bem fácil comparado com o desafio realmente enorme do desenvolvimento de um estilo de vida novo e saudável, livre da química. O aconselhamento específico quanto à dependência e outras atividades terapêuticas são comumente necessárias para ajudar as pessoas a superar as conseqüências profundas e destrutivas do alcoolismo e adicções a outras drogas. Sem o tipo certo de ajuda, os dependentes, quase que inevitavelmente, voltarão ao uso ativo de químicos ou se envolverão em algum outro comportamento compulsivo para lidar com os estresses da vida e dificuldades não resolvidas que agem contra uma recuperação saudável.

• Recuperação e a “natureza pecadora” tem forte relação. A Bíblia ensina claramente o fato de que a natureza pecaminosa, apesar de crucificada, ainda exerce uma influencia no cristão que não é sempre aparente. A visão de mundo inteira do dependente foi moldada pelo processo adictivo. Em essência, esses são os elementos de sua “natureza pecadora” ou “carne”, com a qual ele lutará por quanto tempo permanecer neste mundo. Eles podem se erguer eventualmente e causar sua derrota. Dependentes precisam da ajuda de conselheiros informados que, através de um processo de discipulado intensivo, os ensinará a ser “transformados pela renovação de suas mentes” (Romanos 12:2) e aprender como “andar no Espírito para não satisfazer os desejos da carne” (Gálatas 5:16)

• Grande problema para a recuperação é a negação. Jesus disse: “... a verdade vos libertará” (João 8:32). Isso tem uma aplicação especial à perigosa pedra de tropeço da negação que todo dependente deve superar. Se não, é certo que tropece em sua vida cristã e eventualmente recaia ao uso ativo do álcool e outras drogas. Salomão percebeu isso quando disse “todos os caminhos do homem lhe parecem puros, mas o Senhor avalia o espírito” (Provérbios 16:2). Assim, frequentemente para nós, tudo parece bem, mas sob a superfície Deus vê alguma coisa totalmente diferente. A Bíblia torna claro que o homem tem uma habilidade temerosa de tornar-se auto-enganado. (Jeremias 17:9)Em nenhum outro lugar isso é ilustrado tão poderosamente quando na área das dependências. A fim de que os dependentes vivam a vida abundante, precisam da ajuda de conselheiros experimentados que podem ajudá-los a irromper através de sua negação.


É apropriado para cristãos assistirem reuniões de Alcoólicos Anônimos e usar o Programa dos Doze Passos e a literatura de AA, ou de qualquer grupo anônimo?

• Os Doze Passos de Alcoólicos Anônimos são basicamente uma abordagem confiável e ordenada da recuperação do alcoolismo e outras formas de dependências. Bill Wilson, o autor original dos Passos, e o Dr. Bob Smith, seu co-fundador tiveram relacionamentos vitais com cristãos. Uma das pessoas importantes (por quem Bill Wilson teve grande respeito) foi o Reverendo Samuel Shoemaker, um evangelista bem conhecido do início do século 20. Algumas das pessoas envolvidas no início de AA tinham vindo a Cristo através de uma missão de resgate da cidade de New York fundada por Shoemaker. Também, através de uma irmandade chamada Oxford Groups, eles tiveram contato com vários cristãos sinceros.

No desenvolvimento do programa de AA, eles se valeram de muitas fontes diferentes, incluindo o Cristianismo Bíblico. A primeira versão dos Doze Passos era claramente cristã. Bill Wilson queria que fosse um esboço mais expandido das ações progressivas que levavam a uma vida nova e mudada. Foi somente mais tarde, depois de partilhar seu primeiro esboço dos Doze Passos com alguns dos outros primeiros AA’s que as afirmações mais abertamente “religiosas” foram retiradas. Nós não devemos julgar o AA com os mesmos padrões pelos quais podemos julgar um grupo que afirma ser uma organização cristã. AA nunca teve a intenção de ser um grupo cristão. Apesar de que houve algumas pessoas envolvidas em seu início que queria que o fosse, nós podemos notar que, mesmo hoje, o AA (praticado corretamente) encoraja a pessoa a conseguir instrução espiritual e companheirismo da Igreja e outras organizações religiosas além de si.

• Ainda, a questão principal é, exatamente como os Doze Passos ficam diante dos padrões da Palavra de Deus? Se nós nos aproximamos dele com a premissa de que foi nosso Deus quem se revelou a Si mesmo em Jesus Cristo, não há nada nos Doze Passos que contradiga as Escrituras diretamente. Eles consistem no seguinte: admissão da derrota pessoal, quebrantamento, entrega da vida e da vontade aos cuidados de Deus, confissão, restituições, aquisição das disciplinas espirituais da oração e devoção pessoal, e um desejo de alcançar outros. Se cada cristão praticasse essas coisas em uma base consistente, eles cresceriam tremendamente. Os Doze Passos são um modo simples e ordenado de aplicar os princípios escriturais que eles esposam. Eles têm uma progressão natural que pode servir como um esboço de discipulado que se ajusta às necessidades únicas do dependente. Adicionalmente, centros de recuperação que utilizam os Doze Passos proporcionam uma exposição primeira do programa através da experiência do tratamento prévio e do atendimento às reuniões de AA. Isso nos dá uma base sobre a qual construir – usando os Doze Passos como um veículo para conduzi-los a um relacionamento crescente com Jesus Cristo em direção a verdades espirituais mais profundas. Podemos afirmar que o Programa dos Doze Passos não tem o objetivo primeiro de fazer alguém parar de beber. Ele conduz a pessoa a uma amizade com Deus cujo resultado é a sobriedade.

• No Celebrando a Recuperação, porém, nós identificamos Jesus Cristo como nosso Poder Superior, claramente usamos a Bíblia como fonte de referência, mais os Oito Princípios de Recuperação baseados nas nove Bem Aventuranças. Definidamente, declaramos que o Programa dos Doze Passos não é um programa para nos recuperarmos de nossas feridas, dependências e maus hábitos apenas. Em primeiro lugar, ele nos ajuda a estabelecermos uma amizade com Deus (João 15:14; Tiago 4:4). Usamos o mesmo programa, mas nosso foco é diferente.

Porque o dependente deve evitar novos relacionamentos românticos no primeiro ano de recuperação?

• Para evitar perder o foco em questões pessoais, pois para os dependentes, mudanças reais permanentes ocorrem apenas ao longo de um processo frequentemente doloroso de autodescobertas. Isso envolve o entendimento de seus próprios comportamentos adictivos, suas emoções reprimidas, e padrões de pensamento destrutivos. No entanto, sua negação usa os sentimentos e comportamentos dos outros para evitar enfrentar sua própria dor e desonestidade e assumir responsabilidades por suas ações controladoras e vergonhosas. A introdução de um relacionamento romântico, com um intenso foco na outra pessoa muito cedo na recuperação, inevitavelmente provocará um “curto circuito” no importante processo de reconexão consigo mesmo e com o aprendizado em tornar-se responsável por seus próprios sentimentos e comportamentos.

• Para evitar as ilusões e desonestidade da paixão cega. A fase inicial da recuperação é sempre uma ocasião muito emocional e dolorosa. Isso pode ser um motivador importante para a recuperação, incentivando a dar os difíceis passos necessários para que mudanças reais aconteçam. Apaixonar-se (e tirar o foco de si mesmo) pode criar um falso senso de bem estar. No amedrontador, estranho e frequentemente doloroso tempo do início da recuperação, tornar-se especial para uma pessoa é um tremendo amplificador do ego. Isso pode criar no dependente a ilusão de estar muito adiante no processo de recuperação do que realmente está. Adicionalmente, o compromisso com a ”honestidade rigorosa” é usualmente deixada de lado pois ele se esforçará para criar a melhor impressão possível para ganhar as afeições da outra pessoa.

• Todo dependente é também um codependente. O não envolvimento emocional previne a recaída por conta do estresse da codependência. Uma definição simples de codependência é usar a outra pessoa para criar sentimentos agradáveis em nós mesmos. Pessoas no início da recuperação podem facilmente transferir sua dependência do álcool e outras drogas ou de qualquer outro objeto, para a dependência de outra pessoa. Até entenderem o que está relacionado com sua própria codependência, é certo que voltem aos antigos meios desonestos e insanos de relacionamento. Por si mesmo, o estresse do início da recuperação frequentemente resulta em recaída. Usar habilidades de relacionamento inadequadas e insanas para lidar com o relacionamento afetivo criará frustração e mesmo mais estresse, abrindo a porta ao uso de álcool e outras drogas ou a atuação dos antigos comportamentos compulsivos, por que esse é o modo que o dependente sempre tentou para lidar com emoções difíceis.

• Evita a armadilha sexual. Dependentes no início da recuperação são especialmente vulneráveis à tentação sexual. Se eles começam um relacionamento romântico muito cedo, eles tem garantia virtual de falhar nessa área. Eles se tornam envolvidos em atividade sexual porque eles simplesmente não sabem como se relacionar de forma verdadeiramente íntima e sofrem de uma sériafalta de autocontrole. Para a maioria, sexo é como outra ‘droga’. O estado alterado de consciência que ele cria pode dar a pessoas em sofrimento a falsa sensação de bem estar e alivia os sentimentos de dor e insegurança. Falhar nesta área pode ser extremamente devastador, causando um tremendo senso de incompetência e desencorajamento. E, se eles não se arrependerem dessa maneira inadequada de lidar com o sexo, o resultado é um sério estado de desonestidade que sabota o processo da recuperação.

• Evita facilitadores e “quebra-galhos”. Há pessoas que se atraem romanticamente a outros que estão em programas de recuperação. Essas pessoas, usualmente, tem sérios problemas com a codependência em suas vidas. São pessoas que são facilitadoras ou “quebra-galhos” e de fato, são atraídas a pessoas problemáticas. Costumam negar sua própria necessidade de recuperação, e usualmente pressionam os dependentes para deixar o programa prematuramente, convencendo-os de que eles não estão tão mal assim ou o que eles precisam é de um bom parceiro ou parceira para melhorarem.

• Evita o corte de relacionamentos com outros em recuperação. Os dependentes costumam usar pessoas para criar bons sentimentos em si mesmos. Com isso, todos os seu relacionamentos, especialmente os românticos, são completamente autocentrados. Por isso, uma das mais importantes fases do início da recuperação é aprender a relacionar-se com outros de ambos os sexos de forma honesta, não romântica e íntima. Isso pode ser uma experiência tremendamente restauradora. No entanto, envolver-se em um relacionamento “exclusivo” certamente irá burlar esse processo. O resultado é perder a bênção de relacionamentos positivos e significativos com outras pessoas em recuperação em honestidade e auto-revelação mútuas.

• Essas são algumas razões por que no Celebrando a Recuperação há a importante regra de que os grupos de interesse sejam constituídos apenas de pessoas do mesmo sexo. Além de permitir a troca de experiências sem constrangimentos, evitam-se envolvimentos emocionais.

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